segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Pseudo imparcialidade de tele-evangelistas



Essa é uma demonstração de como se faz boato velado na mídia, utilizando uma pessoa "respeitável" que diz as meias-verdades que os ignorantes querem ouvir. (obs: ignorantes, do dicionário: "quem ignora")

Em virtude de minha formação cristã, assim como o Sr. Malafaia, não sou homossexual e não concordo com esse comportamento. Mas não acho correto que pessoas que façam essa escolha sejam discriminadas e agredidas da forma como ocorre atualmente.

Porém, vamos aos fatos (afinal, contra fatos não há argumentos):

1) o PL 122/2006 (na Câmara PL 5003/2001 e no Senado PLC 122/2006), chamada pelo Sr. Malafaia de "Lei da Homofobia", trata da alteração da lei 7716/1989 (lei que criminaliza discriminações). Diferente do que o Sr. Malafaia diz, a lei não fala apenas da discriminação racial: "discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional". Não podemos considerar a inclusão da orientação sexual como desvirtuação da lei, pois ela também fala da questão religiosa, ou seja, não apenas de questões de nascimento. (Obs: no Senado, essa lei tem sido transformada em lei de combate a outras discriminações)

2) uma rápida análise da biografia da ex-deputada Iara Bernardi mostra que sua base não é de movimento homosexual, como transparece o Sr. Malafaia. Da mesma forma que criou o PL 122/2006, fez projetos de apoio a família (aprovação tácita de paternidade), a mulher e a educação, basta uma rápida olhada em sua biografia na página da Câmara dos Deputados e em nos projetos que já propôs.

3) após cinco anos de tramitação, o projeto foi aprovado pela Câmara dos Deputados em 2006. Cabe ressaltar que naquela casa à época, além dos deputados da bancada "evangélica", havia um equilíbrio de forças entre deputados do PT, PFL (DEM), PMDB e PSDB. Se partidos "corretos" como PFL e PSDB tivessem se mobilizado, certamente o projeto não teria sido aprovado.

4) o projeto tramita no Senado Federal desde 2006 com relatoria de uma senadora petista. Neste tempo, pode-se perceber que diversas opiniões são ouvidas, dentre elas, grupos evangélicos e católicos. Diferente do que foi dito pelo Sr. Malafaia, não há registro da "manobra" tentada pelo PT que foi "corajosamente" impedida pelo Senador Demóstenes Torres, que aliás, nem é citado nos andamentos do projeto.
Aliás, a citação que há do PSDB na tramitação do projeto é a solicitação de sua aprovação feita pela Assembléia Legislativa de Goiás, representada pelo seu presidente o dep. Helder Valin (PSDB-GO).

5) caso o projeto seja aprovado, o Presidente da República não pode vetá-lo a seu gosto. O veto presidencial é um instrumento utilizado quando a lei é inconstitucional ou contrária ao interesse público. Nesse caso, não havendo inconstitucionalidade, como esse projeto, discutido por uma década e aprovado por maioria no Congresso Nacional, poder-se-á considerado contrário ao interesse público? Não acho que esse é o tipo de situação que o Presidente da República deva utilizar o veto.

6) o Sr. Malafaia mistura o projeto de lei a temas como legalização do aborto e obrigação da igreja em fazer casamento gay (é engraçado até de falar). Recomendo que escutem o que o dep. Gabriel Chalita falou a respeito.



Concordo que o homem exista em todas suas quatro dimensões (mental, física, social e espiritual). Porém, isso não significa que um líder religioso deva utilizar sua influência religiosa para determinar o futuro político da sociedade. É de impressionar que no ano de 2010, vemos um tele-evangelista profissional manipular informações em benefício de partidos políticos. Devo apenas lembrar: manipular = falsificar, adulterar (definição de dicionário). Até onde meu conhecimento sobre as Sagradas Escrituras vai, esse não é um comportamento ensinado por Cristo.

Finalmente, fazer parte dos 90% de cristãos do país não me dá o direito de impedir que os outros 10% possam viver em paz, da forma que acharem correto. Esse comportamento manipulador afasta os cristãos das igrejas e de Deus.